Artigo escrito por Jean Alexandre Corrêa Vieira.

É muito comum o profissional do SESMT, logo após finalizar sua formação, perguntar-se se está pronto para desenvolver e executar projetos e programas e assumir todas as responsabilidades e expectativas que a organização tem com a sua chegada na equipe. Até mesmo um profissional mais experiente, quando assume um novo desafio e se depara com o SESMT implantado, com rotinas e procedimentos bem definidos, questiona a si mesmo se os processos em execução geram os indicadores esperados e se os resultados das atividades atendem, pelo menos, as metas de gestão e os requisitos legais.

A grande maioria dos profissionais de SESMT já passou por alguma das situações descritas. Logo, é importante, ao assumir uma posição de coordenação, concentrar as duas primeiras semanas de trabalho para se fazer um diagnóstico situacional da área em que vão trabalhar. Conhecer a equipe e suas atribuições, todos os processos de trabalho com os quais a área está envolvida, entender, no detalhe, as rotinas e os procedimentos, identificar os gaps de gestão e os passivos jurídicos e verificar se a equipe é orientada para resultados, metas e controle de indicadores fazem parte desta etapa.

Quando a área não está implantada, arregaçar as mangas e construir, nas duas próximas semanas, todos os elementos deste diagnóstico e definir um plano de trabalho, através de um macroprocesso que contemple planos de ação para as questões mais urgentes, como as relacionadas à licenças, alvarás, planos de atendimento à emergência, trabalhos críticos, previdência social, acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, recursos humanos e de infraestrutura da área e às demandas específicas originadas nas áreas com as quais há interdependência. É necessário, também, que este macroprocesso mapeie as práticas essenciais ao funcionamento do SESMT, sendo desdobradas numa régua de maturidade, partindo do que a área não está atendendo (nível zero) até o que ela atende com excelência (nível 4). Dentre as práticas comuns à grande parte das empresas, destacam-se: PPRA, Higiene Ocupacional, PCMSO, Ergonomia, Controle de Documentos e Requisitos Legais, Treinamentos e Capacitação, Qualidade de Vida, Pessoas com Deficiência, Urgência e Emergência, Absenteísmo, Gestão de Saúde e Segurança e Gestão de Terceiros.

A cada dois ou três meses, é importante checar se há alguma falha que precise ser corrigida no plano de trabalho para que não comprometa os resultados dos indicadores de gestão. Algumas práticas poderão necessitar de ciclos de PDCA de pelo menos 12 meses para se poder ter parâmetros para se estabelecer metas para os anos seguintes.

Ao profissional do SESMT é fundamental reunir as competências, habilidades e atitudes necessárias, não só para atender às expectativas legais e de gestão da organização, mas também para inspirar a equipe, pois o bom planejamento estratégico da área e o engajamento de todos num processo de construção ou de mudança, atenua as angústias e facilitam o cumprimento de todas as responsabilidades frente ao “novo” e ao “desafiador”.

Jean Alexandre Corrêa Vieira
Médico do Trabalho (HCPA/UFRGS) e Especialista em Gestão Executiva de Saúde (FGV).
Coordena o PCMSO da Planta Guabirotuba da Electrolux do Brasil, em Curitiba-PR, e é Gestor Corporativo de Saúde Ocupacional do Grupo Uninter.
É Professor de Pós Graduação em Medicina do Trabalho, Engenharia de Segurança do Trabalho, Enfermagem do Trabalho, Higiene Ocupacional e Ergonomia.